Dezembro transporta-nos para um universo único. Remete-nos para um sem número de recordações. Provoca-nos emoções de carácter muito diverso. Frequentemente faz-nos rir e chorar.

Porque é o último mês do ano. Porque nos mostra que novos dias e resoluções se aproximam. E porque é o mês do Natal. Aquela festa especial, a mais especial de todas, com a qual é cada vez mais comum estabelecer-se uma relação pouco consensual e cheia de bipolaridades. Uma relação que, quer se queira quer não, vai sofrendo mutações ao longo da vida.
O que não muda é a intensidade deste mês. Neste últimos 31 dias do ano é costume pararmos pouco e corrermos muito entre presentes, jantares e afazeres. E quase mecanicamente irmos pensando e preparando as iguarias natalícias.

Numa onda de “respira fundo” o Sweet World, na sua 11º Edição, vem apresentar e sugerir uns bolinhos que prometem obrigar a abrandar, descomprimir e usufruir.E se estiverem a estranhar o facto deste mês o tema estar a ser lançado aqui e não no cantinho da Lia, devemos dizer que dificuldades técnicas (daquelas que também nos fazem respirar bem fundo) assim o obrigaram. O essencial é estarmos aqui uns para os outros, e na próxima edição tudo retomará a normalidade.

A fôfa e bela iguaria deste mês, os Saint Lucia Saffron Buns ou Lussekatter chegam-nos da Suécia e marcam o dia 13 de Dezembro. Dia que abre oficialmente a temporada de Natal por terras escandinavas.
Feitos para celebrar o Santo Padroeiro da Luz, numas das celebrações mais importantes do país, onde uma impressionante e mágica procissão decorre, este evento pretende marcar o regresso de dias mais leves e iluminados ao escuro Inverno escandinavo, sendo que estes bolinhos são consumidos durante toda a época do Natal.

Diz a história que Lucia foi dos primeiros mártires cristãos, morto pelos romanos devido às suas crenças religiosas.
Na procissão que marca este dia, as crianças vestem-se a rigor, com traje branco, uma fita vermelha e “luz no cabelo”, à semelhança de Lúcia. Essa luz é representada por uma coroa de velas elétricas sobre uma coroa de flores. Todos os intervenientes levam uma ou mais velas, numa celebração que conjuga tradições cristãs e pagãs.
Todos os anos existem concursos para ver quem representará o papel de Lucia nas procissões e festividades. Todos querem personificar esta figura mítica que tem o importante papel de trazer luz aos invernos suecos.

Reza a história que a forma de “S” dos bolinhos representa um gato enrolado e as duas cerejas os seus olhos. Daí o nome Lussekatter, ou Gato de Lucia.
As origens deste doce levantam muitas dúvidas e a sua relação com Saint Lucia não é clara.
Além desta forma de apresentação mais comum existem outros exemplos muito interessantes de desenhar o bolinho.

 

Imagem retirada da net

 

É um doce de massa leveda muito simples de executar.
Vão a levedar em duas fases, e no forno surpreenderam-me pelo que ainda cresceram.
O seu sabor é bem suave e ameno, destacando-se o toque das especiarias. A massa é leve e fôfa, ainda que fiquem secos rapidamente. Por isso, são óptimos ainda morninhos.
Sendo já sabido que este tipo de massa não é realmente onde me movo melhor, fiquei muito feliz com os resultados e bem surpreendida quando os provei.
Mostram-se uma alternativa bem interessante aos habituais e mais comuns pães doces, pelo toque exótico que os caracteriza, além de serem visualmente encantadores.

Se aceitarem o convite e nos quiserem acompanhar neste desafio, basta seguirem as seguintes regras:

  • Tem até ao dia 27 de Dezembro para nos apresentarem o vossos Saint Lucia Saffron Buns, deixando aqui neste post o link da vossa participação;
  • Só participações enviadas até este dia serão consideradas;
  • No dia 20 de Dezembro será publicado no blog da Lia o tema da próxima edição;
  • round up desta 11ª edição será publicado aqui no blog no dia 31 de Dezembro.
Nota: Esta alteração da data limite para participação, relativamente às edições anteriores, é de carácter excepcional, e prende-se com o facto de estarmos na época do Natal, e assim terem a possibilidade de integrarem este doce na vossa mesa de festa, se assim o desejarem.

SAINT LUCIA SAFFRON BUNS (LUSSEKATTER)

(Receita do livro Scandilicious Baking, de Signe Johansen)

Ingredientes

(15-16 unidades)

350 ml de leite
1 colher (café) de açafrão em pó (a receita original indica fio de açafrão)
15 gr de fermento fresco ou 7 gr de fermento seco (usei seco)
50 gr de manteiga
350 gr de farinha de trigo ou espelta (normal)
150 gr de farinha de trigo ou espelta (integral)
1 colher (sobremesa) de cardamomo em pó
4 colheres (sopa) de açúcar
1 colher (café) de sal fino
1 ovo médio + para pincelar
30-32 cerejas secas (usei arandos)

 

Preparação

Levar o leite a aquecer juntamente com o açafrão.

Deixar arrefecer o leite até ficar bem morno e diluir o fermento.
Derreter a manteiga, deixar arrefecer ligeiramente e juntar ao leite.
Polvilhar as farinhas, o açúcar, o cardamomo e o sal para um recipiente largo. Misturar ao leite e acrescentar o ovo, mexendo sempre até obter uma massa uniforme e pegajosa.
Transferir a massa para uma superfície enfarinhada a amassar durante cerca de 5 minutos até ficar macia e elástica.
Colocar a massa novamente no recipiente e tapar com um pano. Deixar a repousa numa zona sem correntes de ar, cerca de 1h-1h.30m, até duplicar de tamanho.
Voltar a colocar a massa no balcão, molda-la um pouco em forma de rolo e cortar em partes iguais (a olho, ou pesando cada pedaço para uma maior precisão). Esta receita deu-me para 16 pedaços/bolinhos.
Moldar os pedaços em forma de rolinho comprido e dar a forma de “S”, começando por enrolar as duas extremidades até se encontrarem no centro.
Dispor cada bolinho no tabuleiro de ir ao forno, sobre papel vegetal, e com algum espaço entre eles, e voltar a tapar com um pano ou com película aderente ligeiramente untada com óleo. Deixar repousar em local ameno e sem correntes de ar, cerca de 20-30 minutos, para voltarem a levedar e crescer.
Pré-aquecer o forno a 200ºC.
Quando os bolinhos tiverem crescido, colocar uma ou duas cerejas secas na dobra do “S”, pressionando ligeiramente sobre a massa para que não saltem ao assar. De seguida pincelar levemente com ovo batido e colocar no forno, cerca de 15-18 minutos.
Assim que os bolinhos estiverem firmes, douradinhos, e soarem a oco ao toque, retirar do forno.