Bata quê?!
Batatoto. Sim, é esta a palavra que dá forma à proposta de hoje. Termo que não conheço há muito tempo e que tem um significado do mais simples que existe.
O batatoto não é mais do que uma apropriação do termo risotto aplicado à batata. O tubérculo é cortado à brunoise, transformando-se em cubinhos muito pequenos, e cozinhado no sistema do arroz. Risotto de batata, é o que é.

Tão simples como o que o tempo e alguma experiência nos mostram. Que tudo se faz, por vezes de forma muito mais fácil e até rápida do que pensamos. Que sem metermos a mão na massa não podemos opinar sobre o grau de dificuldade e a duração de uma tarefa.
É muito frequente ouvir “deves demorar imenso tempo a preparar este ou aquele prato”, baseando-se no aspecto e lista de ingredientes do mesmo. Pois nem sempre isto corresponde à realidade.
Claro que uma pessoa que cozinha raramente poderá demorar um pouco mais. Ou até não! Aí entra a vontade de fazer e o gosto. Sim, porque o gosto/dedicação com que se realiza algo faz toda a diferença.

Este batatoto, termo que ouvi pela primeira vez num excelente restaurante do Norte, a Esquina do Avesso, onde o chef apresenta uma belissima versão com beterraba (que ainda não perdi a esperança de provar), é prova de como é tão fácil executar um prato diferente, apelativo, bem saudável e ainda por cima delicioso, de forma simples, rápida e económica.
Demorei um almoço a fazê-lo e comê-lo. Cerca de 45 minutos + 15 (com forno incluído) e estava prontinho. A minha técnica de brunoise foi mais uma macedoine, mas numa próxima prometo outro esmero.
Com a lista de ingredientes em casa é realmente fácil e o resultado compensa muito. E se não der ao almoço fica perfeito para um jantar diferente.
Só com legumes para aligeirar e reforçar que a proteína animal pode tão bem ser suprimida sem comprometer nada. E que sem abandonar completamente a dita podemos reduzir o seu consumo no dia a dia sem sentirmos a mínima falta.
É um excelente exercício que ponho em prática há algum tempo e aconselho vivamente!

 

Batatoto de Cogumelos e Beringela

Ingredientes

(2-3 doses)

1 beringela
Azeite
1 dente de alho grande
2 chalotas (podem usar cebola)
3 batatas doce médias (usei de polpa laranja)
120 gr de cogumelos (usei misto de paris e marron)
100 ml de caldo de legumes
1 folha de louro
Sal qb
Pimenta qb
Mistura de especiarias (usei Ras El Hanout)
1 colher (sopa) bem cheia de queijo ricota
1/2 colher (sopa) de manteiga
Coentros frescos qb
Avelã tostada e grosseiramente partida qb
Sementes de  chia qb

Preparação

Começar por assar a beringela, cortando-a o meio e levando-a a assar em forno pré-aquecido a 180ºC, até a polpa estar mole. Cerca de 10-12 minutos. Quando estiver assada, tirar do forno e, com cuidado, retirar a polpa com uma faca. Cortar ou desfiar a polpa em pedaços mais pequenos. Reservar.
Enquanto a beringela está no forno, descascar e cortar a batata doce em cubinhos pequenos (cerca de 5mm ou menos) de forma mais uniforme possível. Laminar os cogumelos.
Num tachinho levar ao lume o azeite, o alho esmagado, as chalotas bem picadas e a folha de louro partida ao meio. Quando começar a refogar juntar a mistura de especiarias. Deixar libertar um pouco os aromas e acrescentar a batata e os cogumelos. Deixar saltear cerca de 3-4 minutos e acrescentar a beringela. Temperar com sal e pimenta e acrescentar um pouco de coentros frescos e o caldo. Deixar cozinhar mais um pouco até sentir que a batata já está no ponto, sem que se desfaça (é bastante rápido).
Acrescentar a manteiga e o queijo ricota e envolver bem. Rectificar temperos e retirar do lume.
Rechear a pele da beringela com o batatoto, polvilhar com coentros picados, avelãs e chia.
Servir.