Esta coisa do Sweet World estar tão perto de completar o seu segundo aniversário, além de maravilhoso, põe-me a pensar em muita coisa.
Principalmente de que forma e com que postura chegamos até aqui, já que 22 edições depois reconheço-nos o mesmo entusiasmo e vontade de escolher, fazer e provar cada tema, que nos apaixona desde o início. E acho que isso diz tudo.

Recentemente respondia a uma amiga que não temos os temas estruturados a médio-longo prazo. Temos sim, uma lista enorme deles que sabemos que queremos implementar e propor, mas por vezes alteramos mediante contextos e vontades.
Este bolo por exemplo, que é muito mais uma tarte, surgiu assim. Depois de um “Olha, espreita este! Que te parece para o próximo tema, em vez do que tínhamos combinado? (aquele desgraçado que está sempre a ser adiado!), lá ficou esta maravilha que me agradou assim que a pesquisei e visualizei.
E o bom que é levarmos este projecto assim, com toda a seriedade mas também muita ligeireza, e acima de tudo com uma contínua enorme paixão pela causa.

Relativamente ao tema desta 22ª edição, o Gâteau Basque ou Bolo Basco, é efectivamente o meu género de doce. Ainda que, confesso, esperasse um pouquinho mais dele.
Uma tarte constituída por camadas, onde várias texturas e diversos sabores se misturam e nos permitem usufruir daquela boa sensação a cada garfada. Para o que contribuem o crocante e leveza da massa areada, a cremosidade do recheio e a acidez do doce de cereja.
Assumo que neste caso contava com um pouco mais de sabor. Gostei, mas talvez acentuando a baunilha ou mudando o doce para outro fruto me arrebata verdadeiramente.

As suas origens dividem-se entre França e Espanha, região basca, onde se assemelham muito mas usam recheios algo diferentes. Contudo, para conhecerem melhor toda a sua componente histórica, o ideal é visitar o post da anfitriã, que tão bem o apresenta.

Este bolo dá-nos aquela facilidade que admiro e tantas vezes necessito, que é poder executa-lo por fases e em dias diferentes. Neste caso fiz o creme e a massa num dia à noite, e no dia seguinte foi só montar, levar ao forno e degustar.
A massa é realmente chatinha de trabalhar, mas se a estendermos já na dimensão pretendida, entre duas folhas de papel vegetal e a levarmos assim ao frio, torna-se muito mais fácil de manusear. Fiz desta forma e resultou muito bem.

Estive imensamente indecisa entre fazer o recheio à moda francesa, com frangipane, ou assim em creme, à moda espanhola. Como conheço bem a massa de amêndoa optei então por fazer desta forma, usando a receita da Lia na íntegra.
A amêndoa foi usada na realização da cruz que decora a tarte, conferindo-lhe um crocantezinho extra e uma graça diferente.

O Gâteau Basque foi mais um doce do mundo que não desiludiu. Não considerei difícil, apesar da massa areada exigir alguns cuidados. Na minha modesta opinião só precisava de um pouco mais de sabor. Framboesa talvez seja um twist a apostar num próxima.

GÂTEAU BASQUE 

(segui esta receita)

Ingredientes

(10-12 fatias)

|Massa
125 gr de manteiga sem sal, amolecida
100 gr de açúcar
1 ovo
1 gema
225 gr de farinha sem fermento
1/2 colher (chá) de fermento

|Recheio
300 ml de leite
1 vagem de baunilha
4 gemas
50 gr de açúcar
25 gr de farinha
1 colher (sopa) de amido de milho (Maizena)
4-5 colheres (sopa) de doce de cereja (usei de compra)

|Finalização/Decoração
1 ovo batido
Amêndoa laminada

Preparação

Para o creme, abrir a vagem de baunilha, retirar as sementes com a ponta da faca, juntar ao leite  e levar tudo ao lume quase até ferver. Retirar a vagem e reservar.
Num recipiente bater as gemas com o açúcar até ficar cremoso. Acrescentar a farinha e o amido de milho e bater um pouco mais. De seguida verter em fio o leite, batendo sempre no mínimo. Passar o preparado para o tacho e levar a lume brando até engrossar e ficar cremoso, sem parar de mexer. Retirar do lume, passar para um recipiente e proteger com película aderente colada ao creme. Reservar e deixar arrefecer completamente antes de usar.
Para a massa bater o açúcar com a manteiga até ficar bem fôfo. Acrescentar o ovo e a gema e bater um pouco mais até estar bem envolvido. Incorporar de seguida a farinha e o fermento envolvendo apenas. Passar a massa para uma superfície enfarinhada e formar uma bola. Com ajuda do o rolo formar um disco. Envolver em película aderente e levar ao frio pelo menos 30 minutos (deixei de um dia para o outro).
Pré-aquecer o forno a 180ºC. Reservar uma forma redonda de fundo amovível, de 22 cm de diâmetro.
Para montar, retirar a massa do frio e dividi-la em 2/3 e 1/3. Esticar a parte maior entre duas folhas de papel vegetal até cobrir o fundo e as laterais da forma. Forrar a forma pressionando com delicadeza a massa. Se a massa não descolar bem do papel, basta leva-la ao frio mais um tempo, assim entre o papel. Usando o mesmo métodos esticar o segundo disco de massa até ficar do tamanho da forma. Será a tampa.
Espalhar o creme do recheio sobre a base, alisando com um colher. De seguida distribuir o doce de cereja sobre o creme e colocar por cima o segundo disco de massa. Pressionar as duas massas nas extremidades para fechar bem e impedir que o recheio saia.
Pincelar toda a superfície com ovo batido e desenhar a cruz com amêndoa laminada.
Levar ao forno cerca de 35-40 minutos, até a massa estar firme e bem douradinha.
Retirar do forno, deixar arrefecer e desenformar com cuidado. Servir.