O ingrediente-base para a 2ª edição do Sweet World, desafio ainda fresquinho que eu e a Lia estamos a adorar partilhar convosco, é simplesmente o mais consumido, adorado e idolatrado do mundo, quando nos referimos ao universo gastronómico doce.
Este é um facto que prescinde de qualquer tipo de estudo ou pesquisa. Afinal, estamos a falar do Chocolate!
O bolo que hoje é aqui proposto, um verdadeiro clássico americano, criado e popularizado em Brooklyn durante a II Grande Guerra Mundial, por uma famosa cadeia de panificação com várias lojas na cidade, a Ebinger’s Bakery Company, deve o seu nome aos apagões que a cidade se viu obrigada a praticar durante um dos mais difíceis e conturbados períodos da nossa história, sendo este o método usado para não serem localizados pelo inimigo.
Assim vos apresentamos o Brooklyn Blackout Cake.

 

Voltando a coisas mais doces e à nossa iguaria, as suas características essenciais passam pelo facto de ser um bolo de cacau, escuro, estruturado em camadas, recheado com um rico pudim de chocolate, coberto com o mesmo pudim ou com buttercream de chocolate, levando ainda uma camada finalizadora constituída por “migalhas” de massa do próprio bolo.
Se este menino, de aspecto simples mas do mais fôfo e apetecível que há, não encarna na perfeição O verdadeiro bolo de chocolate, não sei qual encarnará!?
A sua massa é leve mas intensa e a sua execução é relativamente simples. Em algumas versões são usados apenas dois elementos – bolo e pudim – sendo que o pudim serve de recheio e cobertura. Ao passo que outras apresentam três elementos na sua constituição – bolo, pudim e buttercream.
Tem a vantagem, que eu tanto gosto, de permitir preparar o recheio com antecedência, facilitando a organização da sua realização. Este aspecto ajuda-me sempre imenso pelo prático que é preparar o creme num dia e o bolo no outro, além de que ter o creme/pudim tempo suficiente no frio é essencial para o bom resultado desta receita.
Depois de muita pesquisa e de várias versões encontradas, tentei manter-me fiel às menos “modernas”, com o intuito de me aproximar o máximo possível do conceito original. Assumo, porém, que esta ideia não trouxe bons resultado, uma vez que a receita inicialmente escolhida ficou longe do esperado ao nível do comportamento da massa.
Depois de alguns ajustes apresento esta como a minha versão do Brooklyn Blackout Cake, que bebeu inspiração daqui e dali, sempre com o cuidado de não comprometer a sua natureza primordial.
As minhas únicas adaptações passaram por intensificar um pouco o pudim ao introduzir-lhe gemas e cacau, já que considero este elemento a alma do bolo, e adicionar café à massa, como consta nas receitas mais antigas.
Digo, de boca cheia, que este bolo é uma ode bem digna ao chocolate. Eu, que assumo que não é qualquer doce achocolatado que me convence, atesto que este menino é exímio em mostrar porque este ingrediente é um assunto muito sério, porque tantas vezes é sinónimo de decadência e indulgência, deixando ainda claríssimo o motivo de ser tão amado mundialmente.
This is The One! Um puro clássico americano ainda hoje comercializado e muito consumido em Nova York, que não defraudará nenhum chocolatelover.
Relembrando que os objectivos do desafio passam por querermos fazer coisas novas, dentro do universo doce que as diferentes culturas nos dá, tentando ir sempre mais além, importa referir que ainda estamos no início e como tal dentro de um grau de dificuldade controlado. Se aceitam o desafio basta seguirem as seguintes regras:
  • Tem até ao dia 20 de Março para nos apresentarem o vosso Brooklyn Blackout Cake, deixando aqui neste post o link da vossa participação;
  • Só participações enviadas até este dia serão consideradas;
  • Neste mesmo dia, 20 de Março, será publicado no blog da Lia o tema da próxima edição;
  • O roud up desta 2ª edição será publicado aqui no blog no dia 25 de Março.

Vamos lá desdramatizar este cenário de guerra e reinterpreta-lo da forma mais doce e empenhada que conseguirmos?

 

BROOKLYN BLACKOUT CAKE

Ingredientes

(8-10 fatias)

|Pudim de recheio/cobertura (receita adaptada daqui)
75 gr de açúcar branco
2 colheres (sopa) de amido de milho
1 colher (sopa) de cacau magro, de boa qualidade
1 pitada de sal
300 ml de leite
2 gemas
120 gr de chocolate negro para culinária (70% de cacau), partido em pedaços pequenos
1 colher (chá) de extracto de baunilha

|Massa (receita adaptada daqui)
160 gr de manteiga, cortada em cubinhos
220 gr de açúcar
2 ovos, grandes
1 colher (chá) de extracto de baunilha
260 gr de farinha
1,5 colher (chá) de fermento
1/2 colher (chá) de bicabornato de sódio
1/2 colher (chá) de sal
50 gr de cacau magro, de boa qualidade
200 ml de leite
60 ml de café forte
Raspas de chocolate para decorar (opcional)

 

Preparação

Começar por preparar o pudim que deverá ir ao frio no mínimo 4 horas, ou idealmente, de um dia para o outro. O importante é estar bem fresco e consistente quando se for usar.
Diluir bem metade do amido de milho numa colher de sopa de leite e juntar às gemas. Mexer bem até estar um creme homogéneo e sem pedacinhos de amido visíveis e reservar.
Num tachinho juntar o açúcar, o restante amido de milho, o cacau e o sal. Acrescentar o leite e diluir tudo muito bem. Levar a lume médio até começar a ferver e engrossar ligeiramente e reduzir o lume para o mínimo.
Juntar uma colher (sopa) do preparado quente às gemas/amido e mexer bem para as destemperar. De seguida verter as gemas no tacho mexendo sempre e deixar cozinhar cerca de 1 minuto, acrescentando de seguida o chocolate e mexer bem até este se encontrar totalmente derretido.
Retirar do lume, acrescentar o extracto de baunilha e transferir para um recipiente que possa ir ao frio. Deixar arrefecer um pouco, tapar com película aderente e levar ao frigorífico até ao momento de usar, no mínimo 4 horas.
Para a massa: Pré-aquecer o forno a 180ºC. Untar com manteiga e revestir o fundo com papel vegetal também untado, duas formas redondas com 18 cm de diâmetro. Polvilhar ligeiramente com farinha e reservar (as receitas originais indicam forma de 20 cm).
Peneirar para os secos um recipiente – cacau, farinha, fermento, bicabornato de sódio e sal. Reservar.
Bater a manteiga com a açúcar durante 4 a 5 minutos até obter um preparado fôfo. Acrescentar os ovos, um a um, batendo entre cada adição.
Com a batedeira a baixa velocidade, ir acrescentando o leite misturado com o café e a baunilha, alternadamente com a mistura de secos, em várias vezes e sem bater demasiado.
Distribuir a massa em quantidades iguais pelas duas formas, e levar ao forno cerca de 30-35 minutos. Atenção para não deixar cozer e secar demais. Verificar a cozedura com um palito e retirar do forno.
Deixar arrefecer cerca de 10-15 minutos e desenformar sobre uma grelha de arrefecimento.Montagem: Estando os bolos completamente frios, cortar cada um em duas partes iguais. Neste caso os altos que se formam nos topos do bolo foram suficientes para as migalhas de cobertura, pelo que, usei as 4 fatias na composição do bolo. Se tal não acontecer, usar 3 fatias para montar o bolo e a 4ª para triturar em migalhas finas para a camada de cobertura final.
Barrar a fatia da base com o pudim de chocolate, colocar nova fatia por cima, voltar a barrar e repetir a operação até à 3ª fatia. Se possível levar o bolo 15 minutos ao frio para “prender” e ficar mais estável.
De seguida, com uma espátula, barrar todo o bolo com o restante pudim, começando pela superfície e continuando pelas laterais, até estar totalmente coberto.
Triturar a fatia sobrante ou os topos do bolo, em migalhas e, com as mãos em concha, espalha-las pela superfície e cola-las nas laterais do bolo, até que adirem e cubram todo o pudim. Aconselho a fazê-lo com delicadeza e evitar apertar as migalhas na mão, pois facilmente se aglomeram e perdem o ar leve e solto que devem ter, além de ser mais difícil de aderirem ao pudim.
Espalhar um pouco de raspas de chocolate por cima (opcional). Colocar mais um pouco de migalhas.
Conservar no frio até ao momento de servir.
Sugestão: acompanhar com natas batidas ou iogurte grego.Nota: O bolo deve ser conservado no frio.
Nota_1: É essencial que todos os ingredientes estejam à temperatura ambiente.
Nota_2: Independentemente da receita de pudim usada é essencial que este tenha boa consistência, para o que importa a sua composição e tempo de refrigeração. Este resultou muito bem.