De entre as diversas correntes e ideologias alimentares que vem surgindo, o crudivorismo ou “dieta viva”, vai conservando a sua posição com firmeza. Ainda que não seja das opções mais debatidas ou esmiuçadas apresenta algumas vantagens que facilmente se entendem. O facto dos alimentos serem consumidos em cru vem garantir a manutenção dos seus nutrientes. Claro que fica sempre no ar a questão de se hoje é mais favorável e pacifico para o nosso organismo come-los ao natural ou cozinha-los para minimizar o efeito dos produtos nocivos a que estão sujeitos. Pois é! Como saber?

Pessoalmente desde miúda que adoro comida crua, incluindo alguns legumes que não são tão habituais consumir deste modo. Mas só agora aprendi que este tipo de dieta se trata também de uma “alimentação enzimática”, pois em crú os alimentos não perdem enzimas (que quando cozinhados são destruídas) que conduzem os nutrientes às células do nosso corpo. Parece que sob o ponto de vista científico é um método claramente vantajoso, que previne o envelhecimento precoce, dada a manutenção das enzimas dos alimentos.

Quando pensamos em sobremesas rapidamente associamos a muitos doces, tartes ou “cheesecakesraw que foram surgindo. É um termo já bem familiar e um tipo de prato que se foi impondo e apresentando em variantes super interessantes tanto em termos de sabor (comprovo agora isso) como de aspecto visual.

Já há uns anos que este género de doce me despertava curiosidade. As receitas guardadas para testar eram, portanto, algumas. Por explicável motivo (aquele tempo que nunca dá para tudo!) ainda não tinha passado à pratica e avançado para a sua execução. E mais uma vez não segui nenhuma receita especifica mas montei esta com base nas pesquisas feitas sobre a estrutura e componentes deste tipo de doce.
A base é sabido que por norma recorre a frutos secos hidratados, logo amaciados/amolecidos, para conferir a cremosidade e elementos de ligação necessário. A doçura é garantida por adoçantes naturais. É só escolher entre tantos disponíveis. O sabor é fácil de gerir de acordo com os gostos. Neste caso era quase obrigatório usar a cereja que este ano resolveu abundar de uma maneira incrível. O caju veio ainda conferir o aporte nutritivo ao doce.
A apresentação fica ao critério.´É possível estruturar a tarte tipo cheesecake, por camadas – base, recheio e cobertura – ou simplificar. Neste caso fiz a base e envolvi a espécie de doce de fruta no recheio. Além de lhe dar mais cor e expressão, conferiu-lhe seguramente muito mais sabor.

Não tem açúcar, não tem lácteos, não tem gluten, não tem ovo, e foi o tema deste mês da parceria com a Carla.
A associação de tantos ingredientes saudáveis que resultam numa sobremesa que realmente funciona, na sua estrutura, apresentação, textura e sabor, colocam esta sugestão num lugar de destaque para as sobremesas deste próximo Verão.

A curiosidade era alguma e surpreendeu-me bastante pela positiva. A facilidade de execução é também um aspecto essencial a destacar, e a sua versatilidade rapidamente nos põe a pensar em próximos jogos de sabor e cor. Experimentem. Não hesitem em brindar os dias quentes que se avizinham com uma boa tarte raw!

Martinha, esta versão tão amiga com cerejinha da boa segue também para a tua vibrante mesa. Podemos estar certas que este mês será linda.

 

TARTE CRUA DE CAJU E CEREJA

Ingredientes

|Base
1.5 chávena (chá) de amêndoa palitada
1 chávena (chá) de tâmaras descaroçadas
1/2 de chávena (chá) de côco ralado
Raspa e sumo de 1/2 limão

|Creme
2 chávenas (chá) de caju natural
1/2 chávena (chá) de xarope de tâmaras ou outro adoçante natural a gosto (xarope de agave, geleia de malte, geleia de arroz, etc)
1 colher (sopa) de óleo de côco derretido
Sumo de limão
150 gr de cerejas
1 pau de canela

|Cobertura/Decoração (opcional)
Cerejas frescas
Leite de côco
1 colher (sopa) de xarope de agave
Hortelã

Preparação

Começar por descaroçar as cerejas, abri-las ao meio e leva-las a saltear com um pau de canela e sumo de limão. Deixar cozinhar até libertarem bastante liquido, cerca de 5-6 minutos. Retirar do lume e deixar arrefecer. Reservar.
Colocar o caju a demolhar em água durante 8 horas. Demolhar as tâmaras em água morna durante cerca de 20-30 minutos.
Para a base juntar todos os ingredientes num triturador/processador e triturar bem até o preparado ficar miúdo e pastoso, raspando as laterais quando necessário. Colocar película aderente no fundo de uma forma de cerca de 16-18 cm de diâmetro e forrar o fundo com esta pasta, pressionando bem e alisando a superfície. Reservar.
Para o creme de recheio, escorrer bem o caju e levar a triturar juntamente com os restantes ingredientes. Processar até obter um preparado o mais homogéneo e cremoso possível. Acrescentar as cerejas salteadas e envolver bem. Verter sobre a base a alisar a superfície.
Levar ao congelador no mínimo 5-6 horas (deixei de um dia para o outro).
Retirar do congelador cerca de 20 minutos antes de servir e decorar com cerejas frescas, chantily de côco (leite de côco batido com a geleia de agave) e folhas de hortelã.
Conservar no frio.

Nota: a base da tarte também resulta muito bem adaptada para trufas energéticas.
Nota 1: se não quiserem sentir os pedaços de cereja basta tritura-la antes de a envolver no creme.