Este doce, que me era totalmente desconhecido na fase pré-blog, adquiriu nos últimos anos um lugar de destaque entre nós. E por nós quero mesmo dizer portugueses. Não me recordo que fizesse parte da lista de sobremesas dos restaurantes ou que se vendesse nas pastelarias há uns bons tempos atrás.
De há uns anos para cá é mais fácil encontra-la nestes contextos, existindo mesmo marcas e pasteleiras caseiras que se dedicam quase exclusivamente à sua execução.

Não seria das sobremesas mais conhecidas, ainda que seja um belo clássico que nos chega da Oceania, já que os direitos ainda são reclamados tanto pela Austrália como pela Nova Zelândia, assumindo um papel de destaque entre as sobremesas mais bonitas, elegantes e decadentes, apesar da sua aparência delicada e até simples.

O Sweet World deste mês quis reconhecer o valor desta criação, que surgiu em meados de 1930, e escolheu-a para tema da 32ª edição do desafio, onde a anfitriã calha de ser a Lia, que, como muita gente sabe é uma verdadeira rainhas das Pavlovas. Por isso aconselho a passarem por lá para conhecerem melhor as origens e história deste doce do mundo e visitarem as 14 singelas Pavlovas que ela por lá tem.

Não se tratando de um doce difícil de executar tem, no entanto, a particularidade de ser bastante frágil e delicada. Características que devem ser tidas em conta desde a execução, à cozedura, decoração e manuseamento.
Tratando-se de um merengue frágil, pois a ideia é que se pareça o mais possível com uma nuvem no interior, protegida por uma casquinha firme mas delicada no exterior, é bom termos a nocção que nem sempre assim acontece. Das várias que fiz umas resultaram mais “perfeitas” e inteiras, outras mais quebradiças, seguindo sempre a mesma receita. É normal e pode acontecer.

Neste caso conclui que a desejava simples e bem sóbria, já que a tendência é inventar qb sempre que faço uma. Tipo esta que ficou diferente e maravilhosa!
Assim foi, num modelo de imagem bem clássica saiu um recheio de natas com pasta de baunilha e cacau (dica do blog Flavors and Senses que tão bem aproveitei), com frutos vermelhos e uns pozinhos corcantes. Pois mais equilibrada, simples e eficaz era impossível. “O melhor creme de recheio” na opinião de quem por cá as prova todas.
É muito fácil tornar-se uma sobremesa excessivamente doce, logo, uma boa escolha de cobertura é essencial para equilibrar o resultado final. É neste ponto que entra a versatilidade e criatividade, pois as combinações, tanto de cremes como de toppings, são inúmeras.

Lamento o facto de não apresentar o interior da peça, critério quase obrigatório por cá, mas foi servida num jantar e foi impossível fazê-lo. Garanto, contudo, que estava de-ma-si-ado boa.

PAVLOVA CLÁSSICA

Ingredientes

|Base
4 claras
200 gr de açúcar cristal fino
1 colher (sopa) de amido de milho
1 colher (sobremesa) de vinagre

|Recheio
250 ml de natas para bater
80-100 gr de açúcar em pó
1 colher (sobremesa) de pasta de baunilha
1 colher (sopa) de cacau crú 100%

|Cobertura
Frutos vermelhos: mirtilos, framboesas, amoras
Crocante de amendoim caramelizado
Hortelã para decorar
Açúcar em pó para polvilhar (opcional)

Preparação

Pré-aquecer o forno a 140ºC. Colocar uma folha de papel vegetal e desenhar um círculo com cerca de 20 cm de diâmetro. Reservar.
Bater as claras em castelo firme. Juntar de seguida o açúcar aos poucos, duas colheres de cada vez, até estar bem incorporado. É suposto não se sentir o açúcar ao toque. De seguida adicionar o vinagre, envolver, e por fim o amido de milho.
Espalhar o preparado dentro do círculo desenhado, e moldar a gosto com uma espátula dando o efeito que se pretenda (já não costumo deixar o interior um pouco mais baixo pois ela tem tendência a abater nesta zona).
Colocar no forno e passado 15 minutos reduzir a temperatura para 120ºC. Deixar cozer durante 1 hora, não abrindo nunca a porta do forno. Ao fim deste tempo desligar o forno e deixar a pavlova lá dentro até arrefecer completamente (frequentemente deixo de um dia para o outro).
Preparar o chantilli, batendo as natas até estarem bem firmes. Acrescentar o açúcar em pó e a baunilha e o cacau e bater até estarem incorporados. Levar ao frigorífico até à hora da montagem.
Para a montagem basta rechear a pavlova com o chantilli e decorar a gosto com os frutos vermelhos, o amendoim e a hortelã.
Servir bem fresca e manter no frio.