É ponto assente que a pastelaria do mundo é infindável. A diversidade de estilos, formas, sabores, origens, aromas, texturas, cores. É um verdadeiro mundo!

Esta 31ª edição do Sweet World Challenge ainda puxou algo leve e frutado. As férias levaram à vontade de uma proposta ligeira, descomplicada e, isso sempre, muito saborosa. Surgiu a ideia de um doce que, estou convicta, será dos mais conhecidos de todos os temas já executados. Aparentemente muito simples, mas algo delicado e caprichoso ao olho mais rigoroso.

Clafoutis! Um dos primeiros doces que saíram do forno da casa quando adolescente é o tema deste mês. O fruto escolhido era sempre maçã (fiquei mais tarde a saber que esta versão tem um nome próprio: Flaugnarde). Com canela e por vezes Porto, fizeram companhia em muitas tardes de Domingo, e deixaram recordações imensas. Contudo, a fruta original deste doce é a cereja e aqui segue-se a essência do prato, que vem combinar lindamente com a época em que estamos.

De origem francesa é um doce de forno bem simples nos seu ingredientes e execução, onde a fruta cozinha numa massa constituída por leite, ovos, açúcar e farinha. O toque especial é dado pelo Kirsch, um licor de cerejas alemão onde o fruto vai a macerar antes da sua utilização. Era aqui que entrava o Porto na minha versão. Desta vez nem uma nem outra bebida, mas aconselho a faze-lo para sentirem o verdadeiro espírito da “coisa”.
Tem uma consistência onde a base é algo firme, de toque apundizado, e a fruta envolvida por uma massa mais fôfa e cremosa constitui a cobertura.

O seu nome deriva do verbo “clafir“, que significa encher ou rechear, e é original de Limousin, sabendo-se pouco mais do que o facto de se ter espalhado por toda a França no século IX.

Caracteriza-se essencialmente por ser uma sobremesa pouco doce, sóbria e delicada.
É bastante versátil, no sentido de permitir o uso de vários tipos de fruta – maçã, pêra, pêssegos, mirtilos, ameixa, framboesa – e diversos aromas, desde a baunilha até aos vários citrinos, cuja raspa conferem um toque muito especial. Mais recentemente até a adaptação para versões salgadas surgiram e com resultados bem interessantes.

É curioso como algo que nos é tão familiar, executado sempre da mesma forma, adquire toda uma nova dimensão quando optamos por uma receita distinta e, quanto a mim, bem melhorada.
Por norma, nas minhas primeiras incursões por este doce, não batia as claras em castelo e juntava os ovos inteiros aos restantes ingredientes. Desde que conheci esta receita do Paul Hollywood que o Clafoutis ganhou toda outra dimensão ao adquirir uma textura incrivelmente deliciosa.
O junção das claras em castelo criam uma camada de cobertura bem especial que envolve incrivelmente a fruta e juntos rematam uma base mais firme. Este doce francês passou a fazer muito mais sentido com este método, perdendo o toque algo “aborrachado” que por vezes adquiria.
E isto de fazer de um doce aparentemente muito básico e simples um doce realmente bom e estimulante, mostra-nos a real a magia da pastelaria.

Se aceitam o desafio e se querem juntar a nós na execução do clássico Clafoutis, basta seguirem as seguintes regras:

  • Tem até ao dia 20 de Agosto para nos apresentarem o vosso docedeixando aqui neste post o link da vossa participação;
  • Só participações enviadas até este dia serão consideradas;
  • Neste mesmo dia, 20 de Agosto, será publicado no blog da Lia o tema da próxima edição;
  • roud up desta 31ª edição será publicado aqui no blog no dia 25 de Agosto.

CLAFOUTIS DE CEREJA

Receita Clafoutis Monique do livro “How to Bake“, de Paul Hollywood 

Ingredientes

(6-8 doses)

2 ovos, separados
75 gr de acúcar
75 gr de farinha
300 ml de leite
1 colher (sobremesa) de pasta de baunilha
200 gr de cerejas descaroçadas
Kirsch ou Vinho do Porto (opcional)
Açúcar em pó

Preparação

Pré-aquecer o forno a 190ºC. Untar uma forma cerâmica com manteiga. Reservar.
Num recipiente juntar as gemas com o leite e a pasta de baunilha. Misturar bem.
Noutro recipiente juntar o açúcar e a farinha. Juntar os secos com os líquidos mexendo bem até resultar um preparado bem uniforme.
Bater as claras em castelo e envolver delicadamente no preparado anterior.
Levar a forma um pouco ao forno até estar quente. Retirar do forno, verter o preparado e dispor as cerejas por cima.
Levar ao forno cerca de 25-30 minutos, até a superfície estar firme e douradinha. Retirar do forno e deixar arrefecer cerca de 15-20 minutos. Polvilhar com açúcar em pó e servir morno.

Nota: Para um toque especial pode-se macerar as cerejas em vinho do porto antes de usar, ou então adicionar um pouco da bebida à massa.