O tempo já se mostra estranho como cada vez mais anda. E nem precisa de ser nesta ou naquela altura do ano. Agora vai sendo sempre assim. Este Setembro já começa a dar enormes ares de Outono, que afinal está mesmo mesmo aí. As roupas já tem de ser outras, adequadas ao frio da manhã e ao calor do dia. As gargantas já começam a arranhar um pouco e os lencinhos já não largam o bolso até lá para Janeiro.

Para assumirmos este final de Verão também de forma simbólica, optamos por trazer à 21ª edição do Sweet World um tema que de alguma forma nos remete para o calor e folia das festas populares que proliferam na estação que agora acaba. Ainda que, analisando com rigor, saibam igualmente bem agora na época mais fria.

Falamos dos espanhóis Churros. Um doce simples que consiste numa massa de rápida execução com ingredientes básicos em qualquer cozinha, que vai a fritar em forma de tubinhos cilíndricos ranhurados e faz as delicias de miúdos e graúdos por altura do Verão.
Podem ser comidos ao natural, polvilhados com açúcar e canela, ou molhados em doce de leite, chocolate ou outro molho a gosto. Até recheados podem ser.

Por cá são usualmente comprados nas roulotes durante as festas populares e comidos ali mesmo enquanto se passeia em família, sendo menos comum fazerem parte das nossas mesas de doces, em festas ou reuniões familiares. Mas por outras terras não é assim.
Sendo assumido como originário de Espanha apresenta já considerável expressão noutros países, essencialmente latino americanos.
Dizem as minhas pesquisas que o seu nascimento circula entre dois países principais, Espanha e China, com uma mãozinha de Portugal pelo meio. Parece que os portugueses trouxeram uma massa específica do oriente, chamada de youtiao, e que a alteraram, uma vez que era salgada e consumida ao pequeno almoço em forma de tiras, adoçando-a e dando-lhe um efeito estrelado, chegando então ao Churro.
Durante muito tempo era o alimento dos pastores espanhóis, dada a simplicidade dos seus ingredientes e pela facilidade em trabalhar e cozer a massa nas limitadas condições disponíveis.

Espanha decidiu aculturar o doce dando-lhe este nome porque fazia lembrar os chifres da ovelha ibérica Churra.
Daí ao resto do mundo foi um processo natural. Chegando pelas mãos dos conquistadores a terras americanas conquistou grande parte dos povos do sul, que trataram de mudar o doce de acordo com os seu gostos e necessidades. Enquanto no México é amplamente consumido com doce de leite, em Cuba preferem com goiaba, no Brasil são recheados e no Uruguai acompanham com queijo. Hoje em dia é uma iguaria bem fácil de encontrar em qualquer capital europeia e que reúne imensos fãs.

Para mim continua a ser o primo mais novo da fartura, que assumo como favorita, e prefiro-os simples, apenas polvilhadinhos com açúcar e canela e, claro, quentinhos!

Considero dos temas mais fáceis que já passaram pelo desafio, e tendo em conta a relação que crio com este tipo de massas, tenho de dizer que adorei o resultado final. Não quis usar uma boquilha muito pequena pois não gosto deles super estaladiços, e assim mais gordinhos fizeram mesmo as delícias do fim do Verão.

Se aceitam o desafio e se se querem juntar a nós na execução de Churros, basta seguirem as seguintes regras:

  • Tem até ao dia 20 de Outubro para nos apresentarem o vosso docedeixando aqui neste post o link da vossa participação;
  • Só participações enviadas até este dia serão consideradas;
  • Neste mesmo dia, 20 de Outubro, será publicado no blog da Lia o tema da próxima edição;
  • roud up desta 21ª edição será publicado aqui no blog no dia 25 de Outubro.
 Que estes meninos tragam um “até para o ano, Verão!” em grande estilo e enorme sabor.

CHURROS

Ingredientes

(6-8 churros)

1 chávena (chá) de água
1,5 colher (sopa) de manteiga
1 colher (sopa) de açúcar + para polvilhar
1 colher (café) de sal
1 chávena (chá) de farinha sem fermento
1 colher (chá) de fermento
1 ovo médio
Canela em pó
Doce de leite e/ou molho de chocolate para acompanhar (opcional)

Preparação

Levar ao lume num tachinho a água, com o açúcar, o sal e a manteiga. Quando ferver e a manteiga estiver derretida acrescentar a farinha juntamente com o fermento e envolver rapidamente, mexendo sempre até a massa ficar macia e uniforme. Deixar arrefecer um pouco e acrescentar o ovo mexendo energicamente. Quando o ovo estiver totalmente envolvido na massa, passa-la para um saco de pasteleiro com um bico decorado e de diâmetro reduzido, cerca de 1,5 cm.
Colocar o óleo para a fritura ao lume. Quando estiver bem quente começar a formar os churros directamente sobre o óleo, cortando a massa com uma tesoura quando tiver o comprimento desejado. Deixar fritar uns minutos até estarem com a cor douradinha desejada. Retirar os churros do óleo e colocar sobre papel absorvente.
Polvilhar com açúcar e canela e comer simples ou na companhia de doce de leite e molho de chocolate, de preferência quentes ou mornos.

Nota: por uma questão de segurança, para quem receia os salpicos de óleo, em alternativa ao fritar a massa fresca directamente no óleo quente, podem sempre ser formados sobre papel vegetal e levados a congelar antes de fritar.