Tive alguma dificuldade em começar este post, confesso.
Sou resistente a algumas mudanças e como tal um pouco esquisita com despedidas. Normalmente aquelas que, independentemente do modo como acontecem, de alguma forma me desvinculam de quem ou do que gosto. Ainda que neste caso o fim de caminho não me afaste nem de uma coisa nem de outra, são decisões que mexem sempre comigo.
O Sweet World chega hoje ao fim, no dia da sua 36ª edição.
Foram 3 anos demasiado bons e preenchidos, ricos em aprendizagem (muita aprendizagem!) partilha de paixões, provas incríveis de doces que de outra forma nunca teria provado, imensa conversa, séria ou agalhofada, e risota qb.
Trinta e seis meses em que nos dedicamos à seleção e execução de doces do mundo e desencaminhamos mais gente a fazê-los connosco. Sem sabermos muito bem ao que íamos, à data do convite da Lia não fazia a mínima ideia do que sairia daqui. Se teríamos companhia ou nem por isso. Se iríamos conseguir despertar o interesse de alguém, ou simplesmente iriam olhar para isto com pouca vontade de se desafiarem… Tudo podia acontecer.
A verdade é que, hoje, recordo as palavras tão certas da Lia quando referiu que nem que fossemos só nós as duas já valia a pena. É um facto. Mas não fomos. E a todas e todos que nunca perderam o entusiasmo e, mês após mês ou esporadicamente, nos acompanharam nesta doce viagem pelo mundo: um imenso OBRIGADA.
E este mês de despedida vem com um bónus: dois temas para o encerramento. Este, o famosíssimo americano Red Velvet, e o da Lia que para mim é surpresa. A título de despedida estão todos convidados a fazer-nos companhia uma vez mais.
As fases em que nos conseguimos dedicar a um projecto deste género, amador e pelo genuíno gozo de o fazer, tem, como em tudo na vida, o seu momento e prazo. Até porque, mesmo com periodicidade mensal, dá o seu trabalho, muitas vezes incompatibilizando-se com as exigências da nossa “vida real”.
Começamos a sentir alguma dificuldade em conseguir cumprir a data estipulada para lançamento do tema e tentamos ir levando o desafio sempre como o encaramos, com prazer e descontração. Contudo, chega a uma altura em que se torna claro que, por respeito a todos que sempre nos acompanharam, por respeito nós próprias e principalmente a este projecto que gostamos tanto, era altura de terminar. Nem eu nem a Lia conseguimos neste momento dedicar-lhe o tempo merecido e continuar a leva-lo com o carinho e envolvimento devidos. Com aquele nózinho na garganta tivemos de o reconhecer.
À minha sócia e amiga só tenho de agradecer de coração esta experiência. Puseste-me a fazer massapão como uma profissional, mousselines de vários feitios, a desesperar com uma caprichosa massa choux que saiu a ferros depois de já nem sei quantas tentativas, a (até) gostar de trabalhar massas levedas, a montar eximiamente um Prinsesstarta em meia horita (ou menos!), a gastar fortunas em eletricidade com obras de arte pirosas deste nível, a vir a casa a correr ao almoço para conseguir apanhar a luz perfeita para fotografar (esta parte ninguém leu, ok?) e a pesquisar e querer saber ainda mais sobre este tema que nos apaixona a ambas. Muito Obrigada, filhaaaaaaa!
O meu tema deste mês é dedicado a ti, como sabes. E o porquê de um Red Velvet? Ora bem, porque é um verdadeiro clássico do mundo, porque sei que adoras vermelho, porque é um bolo intenso e que, apesar de simples, tem uma particular personalidade, e porque quando pesquisei sobre o mesmo fui parar a um Red Velvet que tens no teu blog dedicado à tua mãe. Não preciso de dizer mais nada, certo? Era este o bolo!
Foi um prazer partilhar contigo 3 anos de “filhaaaas” para trás e para a frente, de fotos aflitivas quando as coisas não corriam bem, de muita compreensão quando por algum motivo não consegui cumprir com o prazo, da palavra de calma antes do desespero em busca da perfeição, de procura de novas e apelativas sugestões, de acesas discussões quando não concordávamos com o tema do mês (acho que os Lamingtons nunca nos vão perdoar!), de momentos que vão ficar sempre.
E 36 iguarias depois, voltamos ao início do nosso querido Sweet World Challenge em jeito de recordação.
Um Muito Obrigada, já com saudades.

RED VELVET CAKE

(Adaptei esta receita)

Ingredientes

(8-10 fatias)

|Bolo
200 gr de manteiga amolecida
220 gr de açúcar
1.5 colher (chá) extracto de baunilha
3 ovos
300 gr de farinha
1 colher (sobremesa) de fermento
25 gr de cacau
180 ml de buttermilk*
20 ml de corante vermelho

|Cobertura e Decoração
200 gr de queijo mascarpone
60 ml de nata para bater
80 gr de açúcar me pó
1 colher (café) de extracto de baunilha
Mirtilos, suspiros e hortelã para decorar

*Juntar 180ml de leite com 1 colher (sopa) de sumo de limão e deixar repousar 5 minutos até espessar. usar de seguida.

Preparação

Pré-aquecer o forno a 170ºC. Untar duas formas de 16cm com manteiga e forrar o fundo com papel também untado. Polvilhar com farinha e reservar.
Começar por bater muito bem a manteiga com o açúcar e a baunilha durante 5 minutos até ficar bem cremoso. Acrescentar os ovos um a um, batendo entre cada adição.
De seguida adicionar a farinha, o cacau, o fermento, o buttermilk, e o corante e, batendo na velocidade mínima, envolver bem até a massa estar uniforme e cremosa.
Verter a massa pelas duas formas em quantidades iguais e levar ao forno cerca de 40-45 minutos até a superfície estar firme. Fazer o teste do palito e retirar do forno. Deixar arrefecer e desenformar.
Enquanto o bolo está no forno fazer o creme de recheio/cobertura, batendo bem o mascarpone, as natas, a baunilha e o açúcar até ficar bem cemoso.
Quando o bolo estiver completamente frio cortar cada parte em 2 discos. Colocar um disco no prato de servir e rechear com o creme. Repetir com os restantes (aqui deixei 1 de fora que triturei parcialmente usando as migalhas para decorar).
Colocar a ultima camada de creme e decorar a gosto com migalhas de massa, suspiros desfeitos, mirtilos e hortelã.
Conservar no frio.